Há 35 anos, promulgação do ECA estabelecia um marco na legislação brasileira

 Há 35 anos, promulgação do ECA estabelecia um marco na legislação brasileira

Estatuto representa um divisor de águas no que se refere à proteção dos direitos de crianças e adolescentes no Brasil

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 35 anos no domingo (13/07). Promulgado em 1990, o ECA estabeleceu um novo paradigma na garantia de direitos e proteção integral de crianças e adolescentes no Brasil, reconhecendo-os como sujeitos em desenvolvimento, com direitos civis, humanos e sociais assegurados por lei.

Entre as principais conquistas do estatuto estão a criação dos Conselhos Tutelares em todos os municípios do país, o fortalecimento de políticas públicas voltadas à infância e à adolescência, e o avanço na garantia de direitos como educação, saúde, lazer, convivência familiar e comunitária.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, há atualmente 52 Conselhos Tutelares atuando em todas as regiões da capital. Segundo especialistas, o ECA contribuiu significativamente para o aumento da inclusão escolar, a queda da mortalidade infantil e a unificação do canal de denúncias de violações de direitos por meio do Disque 100.

O artigo 5º do estatuto afirma que “nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” — consolidando o princípio da proteção integral, um dos pilares da legislação.

Para a coordenadora de Políticas para Crianças e Adolescentes da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Tifani Paulini, ressalta o caráter vanguardista do Estatuto no que se refere ao tratamento dispensado à infância. “O ECA é o primeiro estatuto instituído após a constituição brasileira, e é um guia para a aplicação do termo "prioridade absoluta" que aparece somente no artigo 227, que é responsável por inserir a criança como sujeito de direito. Assim, como prioridade absoluta a infância sequer pode ser colocada em uma lista de comparações de prioridades, ela é a prioridade”, afirma. “Importante ressaltar que o ECA indica as responsabilidades da família, do estado e da comunidade, já que proteger a infância é um dever de todos”, complementa.

O Estatuto substituiu o antigo Código de Menores, que vigorou até 1990, e que era considerado ultrapassado e insuficiente para assegurar a plena efetivação dos direitos infantojuvenis. Com sua promulgação, o Brasil passou a adotar uma abordagem mais humanizada, pautada no respeito à dignidade e ao desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes.

Desde então, outras legislações passaram a complementar o estatuto. Entre elas estão a criação do Conselho Nacional de Adoção (2008), o Plano Nacional de Educação (2014), a Lei da Primeira Infância (2016) e a Lei Henri Borel (2020), que institui medidas para o enfrentamento da violência doméstica contra crianças e adolescentes.

Apesar dos avanços, desafios persistem. Especialistas alertam para a necessidade de fortalecimento das políticas públicas, ampliação da rede de proteção e enfrentamento de problemas como o trabalho infantil, o abuso sexual e a evasão escolar.

Ainda assim, o ECA continua sendo um dos principais instrumentos legais de defesa dos direitos da infância e adolescência no país, influenciando políticas públicas e a atuação de órgãos como Ministério Público, Defensoria, Judiciário e conselhos tutelares.

Fonte: https://prefeitura.sp.gov.br/web/direitos_humanos/w/h%C3%A1-35-anos-cria%C3%A7%C3%A3o-do-eca-representa-um-novo-marco-na-legisla%C3%A7%C3%A3o-brasileira

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