Rede Nossas Crianças promove palestra sobre parto humanizado



“Tem que haver uma cultura diferenciada na medicina, onde a temática sobre o parto humanizado deve ter destaque em suas discussões. O número de partos cesáreos é grande, pois, atualmente, são 90% dos hospitais particulares em São Paulo que fazem esse tipo de parto. A mãe aguarda o dia agendado para a realização do parto, mesmo que a criança não esteja pronta para nascer, o procedimento cirúrgico acontece. É um ato violento para a mãe e a criança”, afirmou Anke Riedel, médica obstetra e ginecologista e coordenadora do Projeto Casa Ângela, durante a palestra sobre Parto Humanizado no último encontro mensal da Rede Nossas Crianças.
Este foi o tema escolhido para o debate do mês de abril, que contou com a participação de mais de 50 representantes das organizações sociais que integram a Rede, reunidos no Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, em São Paulo.
A médica Anke Riedel falou sobre a importância do parto humanizado e ressaltou sua eficácia para o desenvolvimento físico e psicológico de uma criança nos seus primeiros anos de vida. “Falar sobre o parto humanizado aos educadores não é somente expor a eles os benefícios que esse procedimento irá trazer para a vida da criança. É importante que esses educadores, a partir do conhecimento sobre esse tipo de parto possam ter consciência do quanto este procedimento traz resultados positivos para o desenvolvimento psicossocial nos primeiros anos de vida da criança”, revelou Anke Riedel.

Edimar de Souza, coordenadora de projetos do Centro Social São José, organização social que faz parte da Rede, contou muito emocionada a experiência com o nascimento de sua filha por meio dos procedimentos de um parto humanizado. “Quando fiquei grávida da minha filha, a minha irmã me apresentou a Dra. Ângela. Foi aí que conheci o lindo trabalho que ela realiza na comunidade. Como eu morava em Parelheiros chegava à Associação Comunitária Monte Azul, que era do outro lado da cidade, ás 7h da manhã, pegava uma senha para, somente, ser atendida pela Dra. Ângela apenas às 15 horas . Nesse meio tempo, participava de oficinas educativas. Eu adorava aquele lugar, pois durante toda a minha gravidez fiz o pré-natal lá para que o nascimento de minha filha fosse através do parto natural”, disse a coordenadora.
Intervenções médicas
“Um grande número de mulheres entende o parto normal como um processo patológico de risco onde haverá experiências traumáticas e dolorosas, por isso, a opção de muitas pelo parto cesáreo. O Brasil é considerado uma dos países com maior taxa de parto cesáreo”, afirmou a coordenadora do Projeto Casa Ângela.

A palavra cesárea tem como significado ser um procedimento cirúrgico que consiste em tirar o feto vivo por meio de corte nas paredes do ventre e do útero da mãe. Atualmente, já é possível a realização desse procedimento cirúrgico por meio da medicina especializada e com um grande número de intervenções médicas. “Quando a mulher chega ao hospital para o parto, em muitos casos essa mesma mulher ingere medicamentos que fazem o aceleramento do parto, assim evita-se sentir dor e incômodos”, afirmou a médica Anke.
Conhecendo o seu bebê
A humanização do parto pode ser entendida como um processo onde a mãe e o bebê começam a se conhecer e, assim, ter a possibilidade de nascer o afeto mútuo. Durante a gestação, é necessário um olhar mais atento aos processos culturais, emocionais e psíquicos envolvidos no parto natural. Deve existir um cuidado entre a mãe e o bebê, onde ambos possam vivenciar o momento, a intimidade e a experiência do parto natural. 

Essa experiência entre mãe e filho surge acompanhada de uma gama de sentimentos e transformações na vida de cada envolvido, neste caso da mãe, do bebê e da família. A humanização do parto permitirá aos pais vivenciar o crescimento, desenvolvimento e nascimento de seu filho de maneira ativa, participativa e inteira.

“Quando eu chegava para realizar o meu pré-natal com a Dra. Ângela, os profissionais que me acolhiam com todo o carinho, além de todos eles, terem a sensibilidade de cuidar de mim e do meu bebê ainda na minha barriga. Eles sempre perguntavam se eu já tinha conversado com minha filha naquele dia, se ela havia me respondido e como foi ter aquela conversa com ela. Era um momento único. Eu posso dizer que já conhecia a minha filha e ela já me conhecia”, conta Edimar. 

Visando melhorias no atendimento das mulheres, das crianças e das famílias durante a gestação das mães, estratégias vêm sendo implantadas para que o modelo humanizado de parto seja implantado, através da legalização e regulamentação das Casas de Parto do Sistema Único de Saúde (SUS). 

“Hoje, a Casa Ângela é um exemplo de atuação para o modelo humanizado do parto. Criamos um ambiente acolhedor para que possamos receber as famílias atendidas, onde o nosso objetivo é fazer com que o parto aconteça na intimidade e privacidade entre a mãe e o seu bebê”, afirma a coordenadora.
Projeto Tecendo Laços – Rede para o Futuro
Gestantes, bebês e histórias de pais e seus recém-nascidos que receberam o amor, carinho e a atenção necessária para o desenvolvimento nos seus primeiros anos de vida é o que encontramos no Projeto Tecendo Laços – Rede para o Futuro, desenvolvido pela organização social Associação Comunitária Monte Azul, e conveniado ao Programa Nossas Crianças da Fundação Abrinq - Save the Children.
O Projeto surgiu com um olhar especial para o ciclo natural da reprodução humana com o objetivo de promover aos pais vínculos familiares com o recém-nascido, assim como, realizar o desenvolvimento sadio das crianças desde o pré-natal até 1 ano de vida, por meio de atividades educativas dirigidas as gestantes, os pais, aos adolescentes e profissionais de saúde.

De junho a dezembro de 2011, após o convênio com o Programa Nossas Crianças, houve um total de 1.473 atendimentos para 65 gestantes, mães e bebês. Destaque para as 429 consultas pré-natal, 465 consultas pediátricas e 128 atendimentos nos encontros abertos mensais para gestantes, casais, mães e bebes com palestras sobre vários temas referentes à saúde materna e infantil.

“O bem-estar das mães e de seus recém-nascidos é que nos fortalece no sentido de investirmos mais espaço na articulação de parceiros para que possamos completar as atividades do Pprojeto e assim fazermos funcionar integralmente o Centro de Parto da Casa Ângela”, contou a coordenadora.

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