Saiba mais sobre Therezinha Helena Martins de Almeida

 m favor da vida.


Dona Angelina, vinda da Áustria, deixara na Europa uma vida privilegiada, cercada de conforto, para "fazer a América"; o grego Nicolaus Papakostas, político ateniense, nascido no berço da democracia e perseguido por suas idéias anarquistas vem para o Brasil, unem-se, em sua certidão de casamento, faz constar a profissão: artista. Casados, família em formação, Nicolaus se dedica às atividades políticas e sindicalistas, participa ativamente da Revolução Constitucionalista de 1932 e em outras lutas pró cidadão livre; responsável pela criação e educação dos filhos, Dona Angelina, passa a lavar e passar roupas para as famílias abastadas da região, tendo como meta fazer todos os filhos doutores. Conseguiu formar todos nas profissões para as quais se mostraram hábeis.

A Professora Therezinha, filha caçula de 7 irmãos, viveu a infância típica de uma cidade do interior; neta de Dona Helena, líder comunitária e religiosa; do avô austríaco.Sr. Giácomo, foi uma constante companheira.

Sentiu a dificuldade que obrigava os irmãos a revezarem o uso do par de sapatos e o brio que se espelhava nos uniformes sempre impecáveis e nas lições caprichadas, mas, a educação pública disponível não passava da 4a. série, as vagas para os níveis mais altos eram reservados aos notáveis da região e àqueles cuja influência dos pais lhes garantissem a sequência nos estudos, mais um obstáculo, e ela venceu, partindo de sua cidade.

A chegada a São Paulo foi um tanto decepcionante, pois tal Estação da Luz era lúgubre, mal iluminada, ah! Tão diferente do seu imaginário... que seria um esplendor! Ironicamente, as oportunidades de estudo não se apresentaram como o esperado, mas, a primeira fresta foi aproveitada, com tanto empenho que os reflexos no boletim se fizeram sentir, na Escola de Comércio Álvares Penteado concluiu o curso básico, estudou inglês, Esperanto e extensões culturais.

Enquanto cursava o magistério na Escola Normal Monteiro Lobato, trabalhava na Fundação para o Livro do Cego no Brasil junto à Profa.Dorina Gouveia Nowil e interessava-se pelas possibilidades de expansão nesta área, aprofundou-se em inglês e pretendia viajar para os Estados Unidos para desenvolver conhecimentos que pudessem ser utilizados em testes psicotécnicos para cegos e assim encaminhá-los para profissões compatíveis com suas habilidades.

Nesta época a vida resolveu oferecer-lhe outro destino. Sua irmã Elhinis indica-lhe o magistério como um caminho para estruturar-se financeiramente e que lhe permitiria continuar outros estudos de seu interesse. O jardim de infância ao lado da torre da rádio Record e da Capela Nossa Senhora Aparecida na Paulicéia, em São Bernardo do Campo, foi à porta de entrada, nos anos 50, para um mundo a ser construído na área de educação de maneira responsável e o desafio novamente seria vencido.

Um aluno muito especial apresenta-se em seu caminho, Carlos Alberto, imigrante português; lá engenheiro de Guerra e aqui sem a equivalência nos estudos precisava recomeçar a carreira acadêmica e necessitava de apoio em uma matéria que prejudicava suas notas: Português. Algum tempo depois o vínculo pedagógico se desfaz e Carlos Alberto constitui com a Professora Therezinha Helena sua família, prossegue os estudos e forma-se Engenheiro Mecânico na Universidade Brás Cubas em Mogi das Cruzes.

Nos anos 60 ela passou a lecionar para a Escola Primária e nos anos 70, já mãe de dois filhos, forma-se pedagoga, apoiada por Dona Angelina, mãe, companheira, conselheira e seu anjo da guarda.

A triste fase da ditadura apurou o senso de justiça e cidadania que se formara ao longo de sua jornada e ela buscava alternativas para a educação alienante e não pensante imposta pelo Regime; de Paulo Freire, ela já havia assimilado muitos conceitos e precisou enterrar seus livros sob uma árvore para escapar do patrulhamento ideológico.

Foi emblemático o dia em que descobriu porque um aluno desaparecido por dias retomava com a cabeça raspada: foi o primeiro contato com a FEBEM e seus métodos, neste momento decidiu priorizar a defesa dos direitos da Criança e do Adolescente na época em que se apelava para a lei de proteção aos animais, porque só existia o Código de Menores, punitivo e não protetivo, hoje vê no Estatuto da Criança e do Adolescente o reflexo de tantas décadas dedicadas ao desenvolvimento dos direitos sempre com responsabilidades.

Desenvolveu através do convívio com as crianças, estratégias que atendiam aos alunos limítrofes, tanto hipo quanto hiperdotados - aplicando-lhes, por intuição, o método que hoje é conhecido por inteligências múltiplas de Howard Gardner. A sua vitória foi constatar que grande parte daquelas crianças, tomaram-se pessoas amorosas e autoconfiantes.

No final dos anos 80, viúva, filhos adultos, já com o primeiro neto, aposenta-se com tempo mínimo, sem esperar pelas promoções que lhe garantiriam maior benefício financeiro, para poder dedicar mais tempo de sua vida útil ao voluntariado em ações de cidadania em prol da vida, da Educação e da qualidade de vida desta família universal que defende até hoje.

Algumas ações de cidadania:

Criação dos primeiros grupos escoteiros nas escolas de periferia da Capital;

Movimento para a criação de uma das primeiras Tribunas Populares na Câmara de São Bernardo do Campo, na época da ditadura militar;

Trabalho em entidade de prevenção ao suicídio, que possibilitou ajuda a inúmeras pessoas para a valorização de suas vidas em qualquer situação, despertando a necessidade de aprofundamento nas ações para a melhoria da educação e de uma nova pedagogia;

Movimento popular para a criação de creches na Capital;

Viagem à Brasília com o grupo de Mulheres na época da ditadura militar, com ocupação do Congresso Nacional, o qual não era aberto para o povo;

Plenário Pró-Participação Popular na Constituinte em 1986 - para discussão, elaboração e assinatura de Emendas Populares sobre: Criança e Adolescente, Defensoria e Democracia Participativa (emendas inseridas na Constituição de 1988);

Caminhada de 40 dias à Brasília, saindo da Praça da Sé, com chegada na praça dos Três Poderes, assinando as Emendas Populares e levando-as ao Congresso Nacional; faziam parte do movimento várias entidades e o Plenário Pró-participação Popular na Constituição;

Participação popular na elaboração e acompanhamento da Constituição Federal em Brasília;

Participação na discussão e aprovação da Lei Orgânica do Município de São Paulo com a inclusão do artigo 7º sobre a condição de "Prioridade Absoluta" da Criança e do Adolescente;

Participação nos grupos de trabalho que regulamentaram o artigo 227 da Constituição Federal; o que resultou no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente - promulgado em 1990; onde instituiu os Conselhos paritários da Criança e do Adolescente, uma nova maneira de gestão da Democracia Participativa;

Participação na elaboração da Lei que criou o Conselho Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo, Conselhos Tutelares, FUMCAD e COT - Conselho de Orientação Técnica;

Participação na elaboração da lei que criou o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente - SP, na Assembléia Legislativa;

Participação nas discussões sobre o Fundo Estadual da Criança e do Adolescente;

Acompanhamento do CONDECA- indicada pelo Fórum Estadual DCA;

Colaboração na implantação do CMDCA - SP, acompanhando desde 1992 as reuniões semanais, as eleições da gestão paritaria da sociedade civil, na elaboração das várias resoluções, etc;

Participação em duas Comissões Eleitorais dos Conselhos Tutelares, indicada pelo Fórum Municipal DCA;

Participação em Comissões Mistas do Conselho Municipal - CMDCA; e Fórum Municipal DCA em vários temas como: Proasf, Educação, cooperativas, reordenamento dos programas da FEBEM, Liberdade assistida etc; indicada pelo Fórum Municipal DCA;

Participação no Grupo que está estudando a regulamentação da Defensoria no Estado de São Paulo;

Participação no Movimento contra a redução da idade penal do adolescente;

Participação nas Conferências Lúdicas e de Adultos sobre Criança e Adolescente;

Atuação junto ao SIPIA;

Palestras sobre Cidadania, Educação, ECA, Democracia Participativa e assuntos correlatos, atendendo convite de entidades de diversos setores da sociedade, em várias cidades brasileiras, em espacial no Estado de São Paulo;

Atividades atuais: Participação nos Fóruns Municipal e Estadual - DCA

Data de Inserção no Sistema LeisMunicipais: 19/06/2012

Nota: Este texto disponibilizado não substitui o original publicado em Diário Oficial.

Fonte: https://leismunicipais.com.br/a/sp/s/sao-bernardo-do-campo/decreto-legislativo/2002/72/720/decreto-legislativo-n-720-2002-dispoe-sobre-a-concessao-de-titulo-de-cidada-sao-bernardense-a-professora-therezinha-helena-martins-de-almeida

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